"Eu sou o brinquedo que brinquei, as gírias que usei, eu sou os nervos à flor da pele no vestibular, os segredos que guardei, eu sou minhas praias preferidas, Ingleses, Joaquina, Armação, eu sou a renascida depois de uma anestesia geral, aquele amor atordoado que vivi, a conversa séria que tive um dia com meu pai, eu sou o que eu lembro. Eu sou a saudade que sinto da minha mãe, a angústia que atormenta quando lembro que minha cachorrinha morreu, a infância que eu recordo, a dor de não ter dado certo, de não ter falado na hora, eu sou aquilo que foi amputado no passado, a emoção de um trecho de livro, a cena que me arrancou lágrimas, eu sou o que eu choro. Eu sou o abraço inesperado, a força dada para um amigo que precisa, eu sou o pêlo que eriça, a sensibilidade que grita, o carinho que permuta, eu sou as palavras ditas para ajudar, os gritos destrancados da garganta, os pedaços que junto, eu sou o prazer, a gargalhada,o beijo, eu sou o que eu desnudo.Eu sou a raiva de não ter alcançado, a impotência de não conseguir mudar, eu sou o desprezo pelo que os outros mentem, o desapontamento com o governo, o ódio que tudo isso dá. Eu sou aquela que rema, que cansada não desiste, eu sou a indignação com o lixo jogado do carro, com o uso de animais para testes, a ardência da revolta, eu sou o que eu queimo. Eu sou aquilo que reinvidico, o que consigo gerar através das minhas verdades e mentiras, eu sou os direitos que tenho, os deveres que me obrigo, eu sou a estrada por onde corro atrás, serpenteio, atalho, busco, eu sou o que eu pleiteio. Eu não sou só o que como e o que visto. Eu sou o que eu requero, recruto, rabisco, trago, e leio. Eu sou o que ninguém vê. “Não me importa saber se um animal é capaz de pensar, sei que é capaz de sofrer e por isso o considero o meu próximo." (Albert Schweitzer - Prêmio Nobel da Paz em 1952)
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